Duas ciganas fazem leituras possíveis do futuro da criança recém-nascida.
Para aproveitar mais a leitura (ou releitura) do canto, fique atento às questões centrais e aos temas transversais do texto.
Após ler (ou reler) o canto e para verificar a compreensão, procure responder a esses questionamentos centrais do trecho
Explique, com suas palavras, a leitura do futuro da criança feita pela primeira cigana.
Explique, com suas palavras, a leitura do futuro da criança feita pela segunda cigana.
Após a leitura do trecho e as considerações feitas através do roteiro de leitura, confira a análise do canto que preparamos para você.
Ciganas: aparecem como figuras míticas, ligadas à vidência e às artes divinatórias;
Egito: lembrando ainda o texto bíblico;
Para a primeira cigana, a criança crescerá e aprenderá com a fauna e com os animais domésticos da região (quase como se fosse animal ela também);
A primeira cigana prevê uma vida de trabalho no mangue para a criança. Sempre cercada de lama e de animais desse ambiente;
Na fala da segunda cigana, a exaltação da máquina e da fábrica: a vida de operário é vista como melhor em relação à um morador do mangue;
DUAS LEITURAS DIFERENTES: possibilidades de vida distintas para uma mesma pessoa;
Mesmo assim, a melhora de vida é praticamente nula. Poderá se mudar de um mangue de Recife para um mangue no Ceará.
Nesse trecho de Morte e vida severina, a segunda cigana oferece uma leitura "melhor" de futuro para a criança. Pois, para ela, o destino do recém-nascido não se encerra no mangue, já que ele será operário em uma linha de montagem. Porém, é importante que se note que não será grande essa suposta melhora de vida. Ele continuará morando em um mocambo e em um mangue. Embora João Cabral de Melo Neto não se alongue no tema, fica visível a crítica construída em torno da figura do operário de fábrica: ainda assim, trata-se de uma vida severina.
Tempos modernos, filme icônico de Charles Chaplin apresenta uma discussão muito interessante sobre o assunto, sobretudo ao tematizar os modelos fordista e taylorista de produção. No Brasil, a peça de teatro Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, apresenta uma importante reflexão a respeito dessa classe e também dos movimentos grevistas dos anos 50.